História da Freguesia do Paço


Fundada provavelmente antes de 1932, data em que pela primeira vez é referido o topónimo, como freguesia, Paço é uma povoação com fortes tradições nobiliárquicas. O próprio nome é elucidativo. Paço vem de “palatium”, “paacio”, “paaço” - o palácio de algum importante senhor da região. Poderá ainda significar convento, mosteiro, casa religiosa.

Mas a primeira hipótese deverá ser a mais verosímil. O facto de ser também conhecida como Paço das Donas faz supor que aqui tivesse havido algum solar ou recolhimento nobre.

Situada em terrenos férteis, propícios à agricultura, Paço pertencia, no século XIX, à comarca de Santarém. Foi um curato de apresentação do Patriarcado, segundo o “Dicionário Geográfico Manuscrito”, ou do Padroado Real, de acordo com a “Estatística Paroquial” de 1862.

Tinha nessa altura, esta freguesia, 843 habitantes. Curiosamente, tem actualmente cerca de 700, o que vem de encontro à diminuição generalizada da população no concelho e mesmo no distrito.

O templo paroquial é um templo isolado no campo, num local alto da freguesia. Do adro da igreja, pode contemplar-se um panorama de grande beleza. No seu interior, tem altar-mor de talha vulgar, com a imagem do orago, dois altares colaterais, dedicados ao Espírito Santo e à Nossa Senhora do Rosário. No corpo da igreja existem ainda dois nichos, coro sobre colunas de pedra e um púlpito de varanda com balaústres de pau-santo.

A ermida de Santo António, do lugar de Soudos, é um pequeno templo aldeão. A imagem do orago é uma escultura de pedra, quinhentista. O Menino encontra-se em pé sobre o livro sagrado.

Finalmente, o solar de Vargos. Grande residência rural do século XVIII, com entrada nobre, e uma escadaria de soberba traça para uma varanda de colunas. No interior, uma série de salas com tectos apainelados de madeira e restos de um antigo espólio de muito valor.

Em 1758, esta casa pertencia ao capitão Manuel Lopes Moreira, passando depois por várias famílias. A capela da casa foi por ele edificada em 1726 e dedicada à Sagrada Família. Templo barroco, com empena recortada e sineria de três ventanas. Interiormente, um revestimento de azulejos azuis e brancos. Nos rodapés, estão representadas cenas profanas - caçadas, paisagens - e na parte superior passagens da Sagrada Família.

Uma capela que, embora particular, nada deixa a desejar à maioria dos templos do concelho. A capela-mor, coberta de uma abóbada de berço, também é azulejada com imagens religiosas. No retábulo do altar-mor, de talha setecentista, estão as imagens da Senhora de Santana, S. Joaquim e S. José.